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Caracterização do Grupo de Crianças

 

     A Sala Amarela, orientada pedagogicamente pela educadora Cláudia Ornelas, é composta por vinte e quatro crianças, sendo catorze do sexo feminino e dez do sexo masculino. Das vinte e quatro crianças, dezanove transitam da sala verde e foram admitidas na instituição cinco crianças, das quais duas frequentaram outro infantário e três ficavam ao cuidado dos pais ou avós. As datas de nascimento variam entre janeiro de 2011 e janeiro de 2012, pelo que o grupo tem atualmente idades compreendidas entre os 3 e 4 anos.

       De acordo com as informações fornecidas pela educadora, este grupo é heterogéneo em termos de desenvolvimento, crescimento e maturidade. Algumas crianças apresentam maior autonomia do que outras, havendo uma carência de atenção por parte do adulto em algumas delas. São emotivas, curiosas, observadoras, participativas e ativas e de um modo geral expressam facilmente os seus sentimentos. Alguns elementos manifestam dificuldade em cumprir regras, concentrar-se em grande grupo e a nível do desenvolvimento da linguagem. Neste grupo não existem crianças com Necessidades Educativas Especiais.

      Aos 3 e 4 anos as crianças apresentam algumas caraterísticas cognitivas, psicossociais, psicossexuais e psicomotoras típicas desta faixa etária que podem ser comprovadas teoricamente através de vários autores. A nível cognitivo, Piaget, citado por Tavares (2007), situa as crianças destas idades no estádio Pré-Operatório. Este carateriza-se pelo desenvolvimento sequencial de uma ideia, de acordo com determinados princípios lógicos, coordenação perceptivo-motora, início da interiorização dos esquemas de ação e representações e relações espácio-temporais. Esta fase, carateriza-se também pelo pensamento simbólico da criança, através do qual esta passa a conseguir representar objetos ou ações por símbolos. Surgem, ainda, os jogos de imaginação e a capacidade de imaginar sem a necessidade da presença física dos objetos ou modelos (Da Fonseca, 2005). O estádio Pré-Operatório é subdividida em dois subestádios, sendo um deles o pré-conceptual que vai dos 2 aos 4 anos. Neste destaca-se o egocentrismo intelectual, isto é, o entendimento pessoal de que o mundo foi criado para si, acompanhando a capacidade de compreender as relações entre as coisas e a incapacidade da criança ver o ponto de vista do outro (Monteiro & Santos, citados por Tavares , 2007).

      Relativamente ao domínio psicossocial, Erikson, citado por Tavares (2007), divide a infância em vários conflitos psicossociais. Entre os três e os seis anos, a criança encontra-se na crise psicossocial vs . A criança tem sentido de independência e um propósito na vivência dos desafios e resolução de problemas, aquilo que se denomina por iniciativa. No entanto, também passa por um sentimento de culpa, quando os seus objetivos não são cumpridos devido à falta de iniciativa. Quando a criança tem uma atitude de iniciativa sente-se estimulada e o prazer em estar ativa e em movimento, criando autonomia. Bergeron (1982) acrescenta que, a nível do comportamento social, há uma preferência para estar em grupos de três elementos, diminuindo de ano para ano o gosto pela solidão. Além disso, estas crianças gostam de seguir os seus companheiros e imitá-los e as suas conversas são egocêntricas, centrando-se sobre elas mesmas.

        Na teoria do desenvolvimento Psicossexual de Freud, a criança entre os três e os cinco anos encontra-se no estádio fálico. Nestas idades os órgãos sexuais tornam-se a zona erógena dominante, sendo alvo de exploração e satisfação. Nesta fase, desenvolvem-se também os complexos de Édipo e Electra, que significam atração sexual pelo progenitor do sexo oposto. Além disso, as crianças demonstram hostilidade e oposição perante o progenitor do mesmo sexo (Da Fonseca, 2005).

           De acordo com Wallon, citado por Da Fonseca (2005), a nível psicomotor as crianças com entre três a quatro anos encontram-se no estádio personalístico. Nesta faixa etária, a criança adquire plena consciência do seu corpo, criando um modelo de si própria e constituindo a sua personalidade. Torna-se um sujeito social autónomo e individualizado, que se diferencia do outro e que está pronto a afirmar-se e a enfrentar problemas. Carateriza-se, também, pelo desejo de propriedade e pelo sentimento de competição ou de disputa, que o fazem querer a posse de objetos ou brinquedos. Assim sendo, a criança neste estádio é uma criança que está cada vez mais consciente do seu corpo. Bergeron (1982) afirma que a maturação e mielinização progridem com um aumento de aprendizagens sensoriomotoras a nível da motricidade grossa e fina. Segundo este autor, a criança aos três anos “(...) tem uma forte propensão para não ficar muito tempo no mesmo lugar; mexer-se é para ela a expressão da sua necessidade natural de explorar o mundo” (p.89).

 

Referências:

Bergeron, M. (1982). O Desenvolvimento Psicológico da Criança da Primeira Infância à Adolescência. Lisboa: Publicações Dom              Quixote.

Tavares, J., Pereira, A. S., Gomes, A. A., Monteiro, S. M., Gomes, A. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e                         Aprendizagem. Porto: Porto Editora.

Da Fonseca, V. (2005). Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Lisboa: Âncora Editora

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